Boa Vista, 20 de abril de 2014
Talvez enquanto ele é pequeno diga que quer ser bombeiro, astronauta, médico ou jogador de futebol. Ou um pouco maior ele queira ser um engenheiro, empresário, arquiteto ou piloto de avião.
Interessante seria fazer essa pergunta para algum indígena Sanumá a algumas décadas atrás.
- “Pajé com certeza!” respondeu Daniel Sanumá para o seu amigo.
Como ele mesmo contou, desde pequeno seu maior desejo era ser pajé, pois aquela era uma posição reconhecida na sua aldeia e traria muito status e felicidade para ele.
Passaram-se muitos anos, os primeiros missionários chegaram por lá. Ao mesmo tempo que ele ouvia os ensinamentos da Palavra de Deus, ele prosseguia no seu treinamento para se tornar um grande pajé.
E assim aconteceu, ainda jovem ele havia alcançado seu sonho, e por mais que tivesse ouvido sobre a Bíblia e Jesus, ele sabia que naquele momento teria que deixar de lado e seguir a sua escolha.
Ele casou-se, teve filhos e filhas, envelheceu e continuou sendo o pajé da aldeia de Olomai.
Mas semana passada foi confrontado pela Palavra de Deus. Durante uma conversa informal com o Serginho, Mimica e Sérgião (na nossa nova casa), Daniel expôs seu coração e foi quebrantado pelo Espírito de Deus. Não mais os espíritos que ele servia, mas sim aquele que o amava e entregou seu filho por Ele.
Que linda história de páscoa!! Recebi uma carta do Serginho contanto essa experiência. O pajé Daniel entregou-se a Jesus, e creu que Ele morreu e ressuscitou! Glória a Deus!
Mas e agora?
Assim como na cidade, quando alguém se converte, muitos familiares não compreendem, amigos pressionam e se afastam; assim irá acontecer com Daniel. Como pajé de Olomai, sua luta será muito maior.
Por isso, nessa páscoa peço que você lembre deste homem em suas orações. O primeiro passo ele já deu, mas a caminhada está só começando.
Para nós um belíssimo presente de início de ministério. Colher este fruto que foi plantado há muitos anos e que cabe a nós cuidar, discipular e ensinar.
Nesta terça-feira, eu (Nathaly) e Julia estaremos nos mudando definitivamente para Olomai. Um misto de sentimentos! Saudades daqueles que ficam (familiares e amigos), alegria por servir ao nosso Deus da forma como Ele nos tem chamado, expectativas em como será a vida da nossa família na mata e o desafio de aprender a língua e cultura.
Serginho está nos esperando na “nossa oca” e finalmente estaremos juntos para essa nova fase das nossas vidas. No dia 18 de abril completamos 5 anos de casados, nossas “bodas de madeira”. E nada melhor do que nessa bodas recebeu uma casa de madeira para nos instalarmos e chamarmos de lar. Ainda faltam muitos detalhes, mas o agora, juntos, podemos ir ajeitando aos poucos.
Sou muito grata a Deus pela sua oração e ajuda. Esse projeto só se tornou possível e real porque temos irmão e parceiros que andam nesta trilha conosco.
Que o Senhor o abençoe e dê inúmeros motivos de gratidão para louvá-lo neste dia.
Passaremos pelo menos três meses na aldeia, portanto só teremos contato por cartas.
Continue conosco,
Na trilha do Mestre,
Serginho, Nathaly e Julia
Nenhum comentário:
Postar um comentário